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terça-feira, 30 de novembro de 2010

A riqueza dos neologismos

O uso de neologismos (=palavras novas, sem registro em nossos dicionários) é sempre um assunto polêmico. Há aqueles que rejeitam qualquer novidade e aqueles que “topam tudo”.
A criação de novas palavras é comum em qualquer língua. É bastante saudável. Há um enriquecimento vocabular e comprova o caráter evolutivo das línguas vivas.
O problema é o modismo, o exagero, o termo desnecessário.
E aqui está, novamente, a dificuldade de ser moderado. O que aceitar ou não? É uma questão muito subjetiva. Mais uma vez estamos diante de um assunto que não pode ser tratado na base do certo ou do errado. Na minha opinião, é uma questão de adequação.
Voltemos ao famoso caso do IMEXÍVEL. Teoricamente o processo de formação da palavra é aceitável: raiz do verbo MEXER + prefixo “i” (=negação) + sufixo “vel” (=possibilidade). Imexível = o que não se pode mexer. Seria o mesmo caso de insubstituível, invisível, invencível, indestrutível… Na prática, entretanto, temos um problema: devido à “fonte criadora”, a palavra imexível carrega consigo uma carga pejorativa, o que torna o seu uso inadequado em determinadas situações. Não acredito que eu venha a encontrá-la em algum texto sério cuja linguagem seja mais formal.
Curiosamente, muitos neologismos são verbos, como ELENCAR, ALAVANCAR, IMPACTAR e outros. Não vejo necessidade de “elencar”, se podemos LISTAR, ENUMERAR, REUNIR, SELECIONAR… Para que “alavancar”, se podemos IMPULSIONAR, ELEVAR ou LEVANTAR?
É importante lembrar que o verbo ALAVANCAR está devidamente registrado em vários dicionários.
Quanto ao IMPACTAR, o problema é outro. No dicionário Michaelis, IMPACTAR significa “tornar impacto, introduzir em outra coisa de modo que seja impossível retirar, penetrar de modo irreversível”. Entretanto, no meio empresarial, encontramos um uso no mínimo duvidoso: “Esta medida está impactando a nossa empresa”. Isso pode ser bom ou ruim. Eu não sei se a carga do verbo impactar é positiva ou negativa.
Para mim, mais importante que a palavra existir ou não em nossos dicionários é a clareza da frase. Se a palavra selecionada deixa a frase com duplo sentido, devemos evitá-la, a menos que a ambiguidade seja a nossa real intenção.
Não sou contra os neologismos, e sim contra os modismos. É importante lembrar que muitos neologismos já foram incorporados à nossa linguagem do dia a dia e hoje estão devidamente registrados em nossos dicionários: agilizar, minimizar, posicionar, sediar…
Devemos, portanto, ter cautela tanto no uso quanto na crítica a quem usa.

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